Ressonâncias magnéticas em pacientes com DCEIS são perigosas?

Por - Jerazel
04/12/23 14:46

Não é novidade que dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis, também chamados de DCEIs, como marcapassos, ressincronizadores e cardiodesfibriladores, podem sofrer interferência, principalmente de ímãs. Foi nisso que surgiu a dúvida, se pacientes com esses aparelhos podem fazer um exame de ressonância magnética.

E essa preocupação é coerente, dado a quantidade de brasileiros com algum dispositivo médico implantado no tórax, geralmente indicados para corrigir arritmias, assim como o grande uso de exames de imagens para diagnosticar doenças e tumores em todas as regiões do corpo.

No entanto, para determinar se pacientes com DCEIs podem ser submetidos a este tipo de exame, foram feitos estudos. Continue a leitura e saiba mais sobre isso.

Preocupações relacionadas à ressonância magnética e DCEIs

As preocupações relacionadas à ressonância magnética e DCEIs não são à toa, já que estudos comprovam que marcapassos e outros dispositivos médicos estão suscetíveis à interferência, principalmente magnéticas.

Inclusive, outro estudo comprova que a proximidade do iPhone 12 ao peito de portadores de desfibriladores móveis pode desligar os aparelhos automaticamente, podendo até matar os pacientes, por causa da grande quantidade de ímãs presentes dentro do celular.

Sendo assim, especialistas estavam questionando se a ressonância magnética poderia trazer algum tipo de mal para pacientes com DCEIs, no caso.

Estudos ao redor do mundo

A melhor forma para determinar essa relação de causa e efeito é por meio de estudos, que inclusive, foram feitos ao redor do mundo.

Por exemplo, podemos citar uma pesquisa interessante feita e publicada por estudantes brasileiros sobre esse tema, que conseguiu resultados interessantes.

E os EUA também trouxeram dados muito reveladores sobre o caso, como na pesquisa feita no Hospital da Universidade da Pensilvânia.

Resultados do estudo brasileiro

O estudo brasileiro foi realizado com 20 pacientes, sendo 11 homens e 9 mulheres com DCEIs que foram submetidos a exames no aparelho Magnetom Essenza, com campo magnético estático de 1,5 T.

Ficou comprovado que a presença do dispositivo médico permite baixar visualização do exame apenas na pequena região que ele ocupa, que é referente a 5% do tórax do paciente, assim como não interfere na ressonância de modo geral.

Dessa forma, o procedimento pode ser conduzido perfeitamente, obtendo alta qualidade técnica para que o especialista que receitou o exame consiga ver a região perfeitamente.

Dos 20 pacientes, nenhum deles apresentou sintomas como palpitações, dor no peito ou qualquer outro sinal de interferência e apenas 1 relatou muito barulho no exame, porém nada que impedisse sua realização.

Além disso, todos eles estavam sendo avaliados e nenhum dispositivo sofreu alteração. Conclui-se que a realização de exames de ressonância magnética em qualquer parte do corpo é segura para pessoas com DCEI.

Resultados estudo norte-americano

Nesse estudo, 139 pessoas foram submetidas a um total de 200 exames de ressonância magnética, onde no máximo cada paciente passou por 16 procedimentos, em todas as partes do corpo, principalmente o tórax.

Não foram encontrados sinais anormais ou até mesmo algum tipo de taquiarritmia sustentada, assim como problemas como tensão da bateria de marcapassos, alteração na taxa de estimulação, dentre outras alterações nos dispositivos.

Nessa pesquisa, um único paciente, que possuía uma matriz subcutânea abandonada sentiu um sensível aumento de temperatura no local, que fez com que o exame fosse abandonado.

Na conclusão, constatou-se que as ressonâncias magnéticas podem ser realizadas em qualquer parte do corpo de pessoas com dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis, porém é altamente contraindicada para pessoas que tenham matriz subcutânea abandonada.

Conclusão

Ambos os estudos trazem um panorama positivo sobre a questão principal, se pacientes com DCEis podem realizar exames de ressonância magnética.

No entanto, como cada caso é único, é de extrema importância ter em mente que se alguma pessoa com marcapasso ou outro tipo de DCEI precisar fazer uma ressonância, deve informar ao seu cardiologista a necessidade da realização do exame de imagem e confirmar se isso é viável.

Agora que você leu esse artigo, aproveite para continuar navegando no blog. Que tal lersobre a evolução do transplante cardíaco ao longo das décadas? Confira.

Autor: Quoretech

Data de publicação: 09/04/2021